segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

A NOMEAÇÃO DOS CONSELHOS DE ADMINISTRAÇÃO DOS HOSPITAIS...

Quando se fala de balanço da actividade desenvolvida num hospital público fala-se de responsabilidade (ou da sua ausência) do respectivo Conselho de Administração, qualquer que seja a natureza jurídica do mesmo (SPA ou EPE). A ausência de responsabilização daquele órgão começa pela sua nomeação, uma vez que a legislação existente omite as condições objectivas exigíveis e dispensa a sua vinculação a um plano de desenvolvimento da instituição em causa.

Esta ausência de exigências, contrasta com as condições exigidas a um Médico ser nomeado em funções de Director de Serviço ou de Departamento (Art 20º do DL 188/2003) nos Hospitais SPA: "os nomeados para os cargos referidos nos números anteriores deverão apresentar, no prazo de 30 dias, ...., um programa de acção para o departamento ou serviço...."; a sua eventual recondução "está dependente da apreciação pelo conselho de administração de um relatório de actividades que explicite os resultados alcançados...".

O mesmo DL é omisso quanto às condições que deve reunir um qualquer profissional para presidir ou ser vogal dum Conselho de Administração, não lhe sendo exigidas qualificações profissionais nem a apresentação de qualquer projecto de intervenção para o mandato respectivo. No entanto, as suas competências são extensamente descritas no Artigo 6º, transformando um órgão de administração num mero órgão de execução das suas atribuições.
Tal pode significar que um Conselho de Administração não o é de facto, sendo apenas uma direcção executiva, usufruindo então de remunerações desajustadas (para cima) às suas funções. É então incompreensível que um órgão de maior responsabilidade, não tenha um nível idêntico ou superior de exigências na apreciação do seu mandato.
Nunca vi um Conselho de Administração ser nomeado em função de um plano de intervenção (que possa ser do conhecimento dos quadros da instituição), apresentado à tutela; nunca vi escolherem um Conselho de Administração entre duas equipas possíveis, em função de um projecto conhecido previamente, vinculando as partes.
Esta ausência de proposta prévia, casa bem com a ausência de avaliação dos resultados. Não há uma cultura de exigência de resultados, mas sim da exigência de meios; isto significa que os actuais CAs chegam ao fim dos mandatos e limitam-se a afirmar que fizeram o que puderam (às vezes o pouco que sabiam) e não é apresentado qualquer relatório do seu mandato (independentemente dos relatórios de actividade anuais) que permita apreciar a sua capacidade de execução do projecto.

Daqui resultam CA inoperantes (felizmente nem todos), enredados na teia dos procedimentos administrativos (que alguns desconheciam), que lhes consomem o tempo necessário para a concretização de um mandato produtivo. A ausência deste plano leva estes mesmos CAs a consumirem parte do tempo do seu mandato à procura de objectivos e de metas (para além dos objectivos e das metas quantitativas impostos pela tutela). As instituições hospitalares não deveriam viver dos números e para os números, mas sim dos doentes e para os doentes. Por isso era necessário que os seus dirigentes tivessem metas em termos de qualidade e adequação de cuidados e de melhoria da saúde da população que servem. Seria preciso que não fossem meras correias de transmissão dos Ministérios e que não se entregassem à defesa dos interesses das corporações a que pertencem: médicos, enfermeiros, administradores. Isto é precisamos de CAs que levem para as instituições motivação e objectivos sociais (qual Scolari).

Nesta lógica, qual é o balanço do mandato (3 anos) que agora termina o CA do CMRRC?

1- Recursos Humanos
- Perderam 4 médicos graduados e qualificados na área de intervenção do Centro;
- Integraram um médicos transferido de outra instituição e os restantes foram cedidos em regime de mobilidade ou têm relações contratuais precárias;
- Não conseguiram consolidar um quadro efectivo de base que sirva de embrião do Centro;
- Abriram e anularam sucessivamente concursos para contratação de um Assistente, e de um Assistente Graduado Sénior, depois de terem recusado a transferência para o Centro de um Assistente Graduado Sénior (quanto trabalho desperdiçado para uma produção nula);
- Mantêm uma instabilidade no quadro nos fisioterapeutas, depois da repetição dos concursos e das baralhadas que promoveram (que ainda não tomaram posse dum procedimento iniciado há mais de 3 anos);
- Iniciaram a formação de internos da especialidade, cuja idoneidade receberam de bandeja do anterior CA e (sobretudo) do anterior Director de Serviço.

2 - Infra-estruturas
- Lançaram o Concurso para remodelação de um Pavilhão em Unidades de Cuidados Continuados, cujo projecto e negociação do financiamento herdaram do anterior CA;
- Conseguiram por a funcionar PARTE do sistema de transporte de doentes, cujo projecto herdaram do anterior CA;
- Conseguiram não colocar em funcionamento o sistema informático de gestão clínica, cujo projecto herdaram do anterior CA;
- Conseguiram não concretizar a abertura da oficina de próteses e ortóteses, que faz parte do Programa Funcional do Centro e cujas negociações começaram em 2007.
- Abriram a Unidade de Radiologia cujas obras e aquisição de equipamento foram efectuadas pelo anterior CA.

3 - Funcionamento institucional
Em termo de produção deram de facto um salto em frente (para o abismo?); transformaram um Centro que se pretendia de referência no tratamento de doenças gravemente incapacitantes, num verdadeiro tapete rolante onde os doentes vão sendo tratados en passant no tempo que dura este percurso, pré-definido em função dos objectivos quantitativos.

Depois deste exercício glorioso, procuram influenciar a tutela para a renovação dos mandatos respectivos, agora num novo enquadramento de EPE (tal como eu havia sugerido durante a visita da Comissão Parlamentar de Saúde em 2008). Se esta proposta de organização tivesse como objectivo dotar a instituição de mecanismos administrativos mais adequados a um projecto objectivo nem seria problemático. De facto o que é que sabemos que este estatuto organizacional traz? Melhora os salários do Conselho de Administração, dá-lhes mecanismos de intervenção que lhe permitem aumentar a arbitrariedade de intervenção; em troca de quê? Que planos trazem para o futuro do Centro? Mais do mesmo?
Os pressupostos para a nomeação dos CA nos SPA são reprodutíveis nos EPE. Isto é, os CA são nomeados pelo "reconhecido mérito e perfil adequado"  (nº 2 do Artigo 6º do anexo II do DL nº 233/2005) sem que se saiba para quê. Uma vez mais os legisladores definiram as competências dos CAs mas esqueceram-se de os vincular a um projecto institucional. Continuam a ser direcções executivas e não Conselhos de Administração.
No que diz respeito ao CMRRC era tempo de reflectir sobre a sua missão, objectivos, natureza e sobre aquilo que não foram capazes de fazer, e que poderia ser viável se integrado numa estrutura com a dimensão necessária. Integrado em Centro Hospitalar nos hospitais geograficamente vizinhos, ou nos hospitais de Coimbra todos ganhamos: poupa-se dinheiro com CAs fantoches e dota-se a instituição dos recursos humanos necessários ao seu desenvolvimento (como não conseguiu fazer ao longo da sua existência como unidade de Reabilitação Médica).

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

PORTUGAL: ESTADO DE DIREITO / REPÚBLICA DAS BANANAS

Faz agora dois anos que denunciei à tutela uma situação em clara violação da legislação em vigor sobre a incompatibilidade de funções prevista no art. 20º do estatuto do SNS.

Em 25/9/2008 o Dr. Jorge Lains foi nomeado Adjunto do Director Clínico do CMRR Centro, tendo-lhe sido delegadas as competências de "direcção, coordenação e supervisão de todos os serviços de acção médica de Reabilitação da Instituição".

À data o Dr. Jorge Lains era (que se saiba) Director Clínico do Centro de Reabilitação de Coimbra, Director Clínico do Centro de Reabilitação da Associação de Beneficiência de Gouveia.

A Administração Regional de Saúde pronunciou-se sobre este assunto conforme consta do texto junto, informando que a situação acima referida contrariava o regime de incompatibilidades de funções previsto.

 

Para entreter e tentar enganar o pagode a Dra. Carla Amaral assumiu a Direcção Clínica do Centro de Reabilitação de Coimbra, mas não se alterou a Direcção Clínica da ABPG.

A Inspecção Geral de Actividades em Saúde anunciou para 2010 a realização de uma auditoria ao Centro de MRRC, cujo relatório e consequências se aguardam. Entretanto, o mesmo Centro perdeu os processos (pela interrupção do meu mandato) no Tribunal Administrativo de Coimbra, no Tribunal Central do Norte e agora recorreu ainda para o Supremo Tribunal Administrativo (à espera dum milagre?)

Que raio de Estado de Direito é este onde os faltosos são idolatrados, beneficiados e continuam impunes a desenvolver a sua acção e aqueles a quem o Tribunal reconheceu sucessivamente a razão continuam a fazer a travessia do deserto e a ser penalizados, por serem cumpridores das regras ditadas pela legislação em vigor?

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

AINDA OS RECURSOS HUMANOS NO CMRRC

A gestão dos recursos humanos nos Hospitais SPA foi sempre um dos calcanhares de Aquiles do sistema pela dificuldade em admitir ou dispensar quadros, em função das necessidades. Uma das mais valias incontestáveis dos Hospitais EPE seria a flexibilização da gestão dos recursos humanos e foi por isso que a defendi para o Centro de Medicina de Reabilitação do Centro, por ocasião da vista do grupo parlamentar de saúde em 2008.
Dois anos depois aquele Centro mantém os problemas de recursos humanos que, diria eu, são endémicos naquela instituição.
Continuam por tomar posse os Fisioterapeutas que fizeram um Concurso que deveria permitir regularizar situações precárias, há muito condenadas por todos.
Continuam a viver com recursos médicos precários, até porque os médicos efectivos têm saído sucessivamente por mecanismos diversos que vão desde a exoneração à licença sem vencimento.
Continuam a ter uma Direcção Clínica não qualificada (em MFR); continuam a tentar viver dos expedientes e dão-se mal, senão vejamos: em Dezembro de 2008 abriram um concurso para contratação de um Médico Fisiatra, que acabaram cancelando (para além das irregularidades de que padecia o Concurso, tiveram uma candidatura indesejável - Fernando Martins); o meu pedido de transferência para o CMRRC foi indeferido por não ser considerado necessário; em Junho de 2010 abriram um Concurso para provimento de um Chefe de Serviço (afinal precisavam?). Tinham como objectivo tentar por esta via regularizar a situação de um dos médicos actualmente cedido em regime de mobilidade. Galo do caraças, o Ministro das Finanças manda cancelar todos os Concursos, incluindo este.
Muito azar tem no jogo quem não sabe jogar ou não conhece as regras.
Como é que aquela instituição vai conseguir sair do buraco com estas administrações voláteis, com médicos sempre em regime eventual, sem rumo?
Que balanço faz aquele Conselho de Administração de um mandato em que nem sequer conseguiu concluir os projectos lançados pelos seus antecessores: Unidade de Cuidados Continuados, sistema de mobilidade interna, informatização dos processos clínicos, abertura da oficina de prótese e ortóteses?
Que projectos deixam eles em curso ?????
Em tempo de fusões, a anexação deste pequeno quintal ao feudo das grandes unidades de Coimbra começa a desenhar-se como uma solução para este eterno problema de recursos humanos, que as sucessivas administrações não conseguiram (ou não quiseram) resolver.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

AINDA A MINHA CONDIÇÃO DE MEMBRO DA SPMFR

As Direcções eleitas para estruturas de representação de grupos profissionais ou outros deveriam destinar-se habitualmente à concretização do objectivo das mesmas.

No entanto, verifica-se cada vez mais uma utilização abusiva destas Sociedades ou Colectividades para benefício próprio directo ou indirecto dos membros das Direcções ou dos seus amigos. Continuamos pois a viver numa Sociedade que se diz democrática, mas que desenvolve a sua actividade, sustentada no apadrinhamento de uns em detrimento de outros, promovendo socialmente uns e (mais grave) tentando eliminar outros das esferas colectivas de intervenção.

Para além do que foi descrito no artigo aqui publicado e intitulado IGNORÂNCIA OU INSULTO, também constatei ao longo dos anos que, quer para as reuniões científicas, quer para os Conselhos Científicos das mesmas e /ou das revistas, foram sistematicamente convidados os mesmos colegas, independentemente do facto de nem sequer publicarem (a não ser à boleia dos respectivos internos) ou desenvolverem projectos de intervenção Académica ou Científica; alguns desenvolvem estes trabalhos tão longe da esfera da MFR (e dela pouco sabem ou querem saber) que não se percebe porque integram aqueles órgãos.

Para o Congresso de MFR de Santa Maria da Feira fui convidado (coisa rara) para integrar a respectiva Comissão Científica. Os pareceres emitidos sobre os temas que foram propostos para nada serviram, uma vez que os trabalhos foram todos publicados conforme estavam inicialmente. Pergunta-se então para que serve uma Comissão Científica dum Congresso da Sociedade?

Como poderia eu continuar a reconhecer àquela Presidência idoneidade moral para me representar?

No entanto, assumi com o actual Presidente que faria o reingresso se ele fosse eleito. Porque não o fiz?

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

CENTRO HOSPITALAR UNIVERSITÁRIO DE COIMBRA: CIRURGIA ESTÉTICA OU CÁLCULO MATEMÁTICO?

Tenho observado com curiosidade a ausência de comentários quer escritos que verbais sobre o novo paradigma para os Hospitais de Coimbra e/ou da Região. Levei também algum tempo a pensar no assunto e agora gostava de partilhar alguns conceitos naifs (e optimistas) do que penso do assunto.

Assumindo que a decisão está tomada, é imperativo que esta transformação não seja uma mera cirurgia estética que apenas vem rejuvenescer o aspecto das estruturas e esconder as suas cicatrizes e deformidades.

Se no entanto quisermos ganhar algo em termos económicos e/ou financeiros, então termos que fazer uma apreciação matemática: é preciso que a união das estruturas seja mais do que uma simples questão aritmética onde se somam (sobretudo) os problemas e as virtudes das instituições envolvidas. É preciso reflectir esta nova situação de modo a encontrar soluções que multipliquem os resultados e dividam os custos de produção. Qualquer gestor poderá fazer isto numa fábrica de parafusos; numa grande estrutura que tem como objectivo produzir actos técnicos de saúde, só um gestor com um conhecimento claro do ciclo da saúde e da doença, o deverá fazer. Mas este é um problema da tutela.

O meu problema, e o de outros com quem me cruzo nos corredores (ou nos jardins) do Hospital, é outro.


A fusão anunciada constitui, na minha opinião, uma oportunidade para os profissionais envolvidos, para as estruturas hospitalares de Coimbra e para a qualidade da saúde em Coimbra e em Portugal. O caminho poderá ser difícil, mas o resultado final será aquele que nós tivermos a capacidade de construir agora.

Quando passamos a falar de CHUC estamos a referir-nos à união de esforços para:
- Melhorar a qualidade assistencial;
- Melhorar a qualidade do ensino na área da saúde;
- Reduzir custos de funcionamento.
É claro que eu acredito que isto é possível; se foi possível derrubar o muro de Berlim, acabar com os blocos políticos, porque não há-de ser possível UNIR 3 ou 4 estruturas de saúde? No entanto a qualidade final vai depender da qualidade dos seus líderes (não chefes) e da sua capacidade para fundir as instituições com respeito por cada uma delas, pelos seus profissionais e pelos dinheiros públicos.

Com esta mudança passamos a não falar de HUC hospital, mas de um conjunto de unidades de saúde -Centro Hospitalar Universitário de Coimbra - associadas para rentabilizar os recursos físicos e humanos, melhorando o produto final que é a saúde dos seu utentes.

Vendo de fora, que dificuldades encontro:
- A dimensão desta megaestrutura pode criar dificuldades de gestão ou de criação de modelos de gestão;
- As enormes diferenças nos modelos organizacionais, nas ferramentas de trabalho, nas organizações hierárquicas e nos procedimento institucionais;
- O controlo da qualidade.

Que vantagens podemos encontrar e como tirar partido deste momento histórico?

Não tenho receitas, mas tenho algumas ideias que podem ajudar à necessária reflexão sobre o futuro.

Não me parece que o produto principal desta fusão seja a redução do número de estruturas dirigentes, embora não seja negligenciável (nesta altura todos os tostões contam). Até porque uma megaestrutura de gestão terá de se suportar em estruturas organizacionais de menor dimensão, com níveis intermédias de gestão nas unidades de base: Hospital Pediátrico, Maternidade (s), Hospital Cardiológico, Hospital Geriátrico, Hospital de Reabilitação,  ....... (aquelas que contribuam para uma melhor sincronização dos recursos existentes). Assim seria mais fácil manter a flexibilidade de um grande frota, por oposição à rigidez operacional de um grande transatlântico.

O benefício financeiro desta fusão poderia passar pela melhor gestão dos recursos humanos, no que respeita às horas extraordinárias, factura muito pesada em qualquer das instituições.

O benefício em termos de cuidados poderia resultar da junção de áreas complementares em termos técnicos. Também a junção de áreas que são complementares nas infra-estruturas pode ser positiva para todos: o CHC tem carência de espaço para o volume assistencial em algumas áreas técnicas, enquanto nos HUC há espaço não ocupado plenamente. Juntos, uma mão lava a outra.

Enfim, podemos continuar a divagar, podem pensar que este optimismo é excessivo, mas eu não tenho outro modo de encarar os desafios (bons e maus) que não seja pensando que os vou vencer. Acredito que não há impossíveis, há apenas tarefas que levam mais tempo. Assim se saibam motivar os recursos humanos no terreno para a generosidade deste projecto.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

A DIMENSÃO DO CMRRC E A SUA GESTÃO

O comentário colocado no artigo anterior é de facto adequado à actual circunstância do Centro, do estado das finanças públicas tal como eu já havia publicado no Diário de Coimbra em 2003!! À data eram só 20 doentes, mas a lógica subjacente mantém-se.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

FERNANDO MARTINS 2 - CA CMRRC TOCHA 0

Em 15 de Outubro de 2010 o Tribunal Administrativo do Norte pronunciou-se, sobre o recurso interposto pelo Centro de Medicina de Reabilitação da Região Centro, do seguinte modo:

.... "Está provado que o recorrrido foi requisitado ao seu serviço de origem para exercer funções de Director do Serviço de Reabilitação do recorrente, tendo sido nomeado para esta funções pelo Conselho de Administração do recorrente."....


.... "Como já se viu, o recorrido foi chamado a prestar funções no recorrente para efeitos de assegurar, não só o seu funcionamento normal, mas sobretudo para assegurar o desenvolvimento do Centro com a utilização de novos pavilhões...."


... "E portanto, se a cessação das sua funções poderia ocorrer naquelas condições, naturalmente que o acto administrativo que decide não prorrogar a sua requisição, atrás referido, foi praticado no desrespeito do dever de audiência prévia e com falta de fundamentação, tal como se decidiu no acórdão recorrido"...


... "Por tudo que fica exposto, acordam os juízes que compõem este TCA Norte em negar provimento ao recurso e, em consequência, manter a decisão recorrida."

À segunda é de vez??? O Conselho de Administração do Centro de Medicina de Reabilitação da Região Centro foi notificado pela segunda vez, por um Tribunal Administrativo, de que procedeu de modo irregular quando interrompeu a minha comissão de serviço.
Foram assim notificados de que actuaram à margem da lei e quiseram, quiçá, sobrepor-se a ela. Quem sabe, irão interpor recurso para o Supremo Tribunal Administrativo, mesmo que os factos em apreciação sejam inequívocos e inalteráveis.
Convictos da sua impunidade, são capazes de o fazer, gastando assim o dinheiro que os contribuintes lhe disponibilizam para desempenhar uma outra missão. Incapazes que são de reconhecer o erro e a culpa, irão de derrota em derrota até à derrota final, mostrando progressivamente quão pouco preparados estariam (eventualmente) para desempenhar a missão que lhes foi confiada.
Espera-se também que as tutelas actuem à medida da sua responsabilidade e exijam aos seus tutelados, que assumam as consequências dos seus actos.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

TRÁFICO DE INFLUÊNCIA??? ISSO EXISTE?? NÃO ACREDITO.

Nã pude deixar de rir hoje de manhã quando ouvi na TSF a acusação que o Dr. Victor Baptista fez ao seu colega de partido de "tráfico de influência".

Não deixa de ser caricato que um homem que foi Governador Civil de Coimbra, Deputado na Assembleia da República (onde pertenceu à Comissão Parlamentar de Saúde, pelos seus conhecimentos específicos e concretos nesta área), que foi Presidente da Concelhia de Coimbra do PS, que usou e abusou destes estratagemas que os políticos adoram, venha agora a público queixar-se de que foi vítima do seu próprio veneno.

Ate EXIGE novas eleições...
Ele de facto pensa que este País não pode sobreviver sem ele nem sem as suas doutas teorias. Esta conversa recorda-me as afirmações por ele proferidas na Comissão Parlamentar de Saúde em 23/9/2008, que eu transcrevo e que podem ser consultadas na íntegra (Actas 48, 49 e 50) no Portal da Assembleia da República: "O documento fala das expectativas que o médico tinha de ser nomeado director clínico, mas a Comissão de Saúde não deve dar guarita a uma lógica de alguém que vê defraudadas as suas expectativas porque não foi nomeado para uma determinado cargo". Como vê Sr. Deputado, é tudo uma questão de expectativas e, neste caso, foram as suas que foram defraudadas. Aceite os factos tal como propõe que os outros façam. Poderíamos dizer que "piri piri no cu dos outros para mim é manteiga" ?
Quanto ao tráfico de influências deixe-me dizer quantas pressões eu suportei para hospitalizar os amigos deste, daquele e de outros (inclusivé de grandes líderes do seu partido) quando exercia funções no Centro de Medicina de Reabilitação Rovisco Pais. Deixe-me lembrar-lhe como o Sr. Deputado actuou com o Dr. Santana Maia para me colocarem naquele Hospital quando foi da V. conveniência e para me porem na rua quando se aperceberam que eu não era uma marioneta nas vossas mãos.

Até fico com pena de um homem que rejeita um ordenado mensal de 15.000 euros (será que estava à espera de uma oferta melhor??) que neste período de crise faziam tanto jeito a tanta gente. Não é este tipo de prateleiras douradas que costumam oferecer àqueles que querem retirar dos circuitos onde o Sr. se movimentava. Isto leva-me a pensar que ou não lhe fizeram qualquer proposta ou aquela que tem é melhor. Agora já nem são jobs for the boys mas sim for the old men.

Mas que ganhamos nós (povo) com estas trocas baldrocas? Trocamos as maçãs podres por fruta de qualidade? Só o futuro o dirá, mas continuo convencido de que a natureza faz bem as coisas, ou como diria um cristão "Deus escreve direito por linha tortas".

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

RESISTIR... É UM DIREITO OU UM DEVER??

Eu começaria por responder a esta pergunta pelo fim, dizendo que RESISTIR É UM DEVER CÍVICO para quem quer exercer o direito de RESISTIR.
Não só é um direito e um dever como uma postura de vida.
As grandes figuras da resistência são hoje modelos de vida que ninguém quer seguir. Isto porque "Para o poder, os resistentes são loucos, terroristas ou tratados com indiferença" (SIC - Ana Cordeiro; Publica 7 de Fevereiro de 2010). Para além de maltratados pelo poder, apenas a alguns é reconhecido o estatuto de CIDADÃO quando as suas causas vencem, passando então a ser considerados heróis. Foi o que aconteceu com os movimento de libertação dos povos e com o seus lideres; foi o que aconteceu com os defensores da democracia e da liberdade.
Ghandis e Mandelas são exemplos únicos e paradigmáticos da entrega na defesa de causas de justiça, e de liberdade.
No entanto, em cada pequena causa que defendemos, que ganhamos ou perdemos em defesa de valores de vida, há um pequeno resistente que à sua medida contribui para vivermos num mundo que queremos que seja mais justo em cada dia que passa.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

AS INJUSTIÇAS DA JUSTIÇA

Os atrasos nas decisões judiciais agravam com frequência, a penalização daqueles que recorrem ao sistema judicial para reposição da justiça (ou apenas da lei).
Vem isto a propósito de uma acórdão do Tribunal Administrativo e Fiscal de Coimbra de uma acção interposta pelo Dr. Paula Fong contra o Centro Hospitalar de Coimbra EPE, em 2006.
O Dr. Fong era em 2005 o único Chefe de Serviço de Cardiologia do Centro Hospitalar de Coimbra. O Conselho de Administração do CHC, no uso (e abuso) da sua prerrogativas hierárquicas (leia-se autoritarismo) decidiu nomear para a Direcção do Serviço, em 15/12/2005, um outro médico não titular do grau de Chefe de Serviço, no desrespeito do artº 20º, nº2 do Decreto-Lei nº 188/2003.
Na sequência desta atitude prepotente (que caracterizou aquele mandato) decidiu o Dr. Fong promover a contestação deste procedimento em Tribunal Administrativo.
O acordão do Tribunal Adminmistrativo e Fiscal de Coimbra vem agora dar razão ao Dr. Fong :
"Pelo exposto, acorda-se em julgar procedente a presente acção e, em consequência, anular o acto proferido pelo R. em 15/12/2005, pelo qual foi nomeado o contra-interessado para o cargo de Director de Serviço do Serviço de Cardiologia."
Este acórdão vem dar satisfação moral e de facto ao Dr. Fong, mas fica o sabor amargo de um decisão tardia, uma vez que sobre os factos passaram 5 anos e que o Dr. Fong entretanto passou à reforma (empurrado por esta ilegalidade /injustiça?), impedido de exercer um mandato para o qual estava legitimado pela forma e pelo conteúdo da sua carreira profissional.
Para agravar o amargo de boca, o então Presidente do Conselho de Administração passou à reforma também, impune, passando entre os pingos da chuva sem se molhar.
Obrigado Dr. Fong pelo seu contributo para uma sociedade menos injusta.

"A História foi feita por pessoas comuns e não pelas elites" Sic Howard Zinn

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

COMO SE COMPORTAM OS MANDATADOS NAS DIRECÇÕES CORPORATIVAS

Quando li a nota de culpa na qual um Director de Serviço (vogal da Direcção da SPMFR) sugeria uma perícia psiquiátrica, tive um breve momento de dúvida: talvez a sugestão de uma avaliação psiquiátrica não fosse despropositada.

De facto, ou há uma atitude persecutória de um conjunto de pessoas, movidas por interesses que escapam à lógica do meu raciocínio, ou sou esquizofrénico.

Em 1986 a nossa colega Dra. Luísa Leão mandou-me uma cópia da carta que anexo, assinada pelo então Bastonário Prof. Gentil Martins (não fosse eu precisar mais tarde - como ela adivinhava!).

O texto é simples, claro e não deixa margem para dúvidas: a Ordem conhecia os direitos e deveres no âmbito dos acordos de reciprocidade da Comunidade Europeia e disso informou o Colégio de MFR.

Quando em 1987 conclui a especialidade em França fiz o pedido de equivalência para os títulos respectivos em Portugal. Em cumprimento da legislação em vigor, o Ministério da Saúde equiparou a formação obtida ao Grau de Assistente Hospitalar de Medicina Física e Reabilitação, por Despacho de 18/2/1988. 

Infelizmente a Ordem dos Médicos só validou aquele reconhecimento quase um ano depois (Janeiro de 1989) atribuindo o título de Especialista em Medicina Física e Reabilitação, em cumprimento de compromissos comunitários assumidos por Portugal.

Mais grave do que este procedimento tardio, foi a opinião emitida pelo Conselho Directivo do Colégio de Medicina Física e Reabilitação no seu relatório do triénio 1987/89, onde transparece que, provavelmente não tinham lido a carta acima, ou preferiram manter-se na santa ignorância, perdidos nos montes ibéricos.

É por atitudes menos dignas e de agressividade gratuita de alguns colegas, agindo em representação de estruturas profissionais, que me fica a dúvida sobre a utilização que algumas pessoas fazem das estruturas que representam, para as quais transportam as suas ideias pessoais que gostariam de ver transformadas em regra ou em lei.

É a mesquinhez destas atitudes e o curto horizonte visual de quem as toma que nos mantém num estado de obscurantismo intelectual e cultural que não nos promove na Comunidade.

Mas este facto é verídico e os documentos anexos são disso prova. Afinal, não sou esquizofrénico, nem estas realidades são apenas um pesadelo.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

A VISÃO NÃO INCOMODOU APENAS NO CMRRC

Já foi publicado neste blogue um recorte da revista VISÃO.

Mais curioso foi a queixa formulada, para Processo Disciplinar, referindo esta publicação:

"Artigo publicado na Revista Visão de 9 de Julho de 2009 com imagem e, que o Sr. Dr. Fernando Martins se deixa fotografar em provável horário de expediente, com roupa de trabalho, no que parecem ser as instalações da Biblioteca do Hospital Geral, exibindo o seu computador pessoal com o seu blogue visível. Não tendo tomado conhecimento que tal actividade tenha decorrido nas instalações do CHC, considero que se trata de assunto que necessita de investigação."


Será que alguém lhe diz "Porque no te callas?". Pode ser que caia em si e deixe de dizer tantas asneiras: provável horário de expediente,.... com roupa de trabalho,   Não tendo tomado conhecimento.....

Também neste caso pode "estar em causa prejuízo para os doentes"  e se justifica "a suspensão preventiva do médico em causa" ? Este sim, é um "padrão de comportamento recorrente", desproporcionado, descabido, não fundamentado e a pedir que alguém o mande calar.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

ARQUÉTIPOS TOTALITÁRIOS NAS DIRECÇÕES DE SERVIÇO?

O filme assim intitulado preenche as minhas memórias de adolescência, de estudante universitário e do período politicamente agitado pós 25 de Abril.


O Jack Nicholson conquistou a minha simpatia pelo modo como incorporou o papel que representou neste filme.
À data, ingénuo adolescente, custava-me a acreditar que este tipo de histórias pudesse ter como suporte histórias da vida real.
Posteriormente veio o arquipélago de Gulag .... e comecei a acreditar que apesar de revoluções e reformas políticas, continua a existir dentro de muitos um pequeno TIRANO à espera de uma oportunidade. Quando a oportunidade surge, os processos são os mesmos: autoritarismo, tentativa de controlo de tudo e de todos; aqueles que evitam sujeitar-se a estes comportamentos autoritários são tratados de modo elementar: HOSPITAL PSIQUIÁTRICO ou GULAG.

Apesar de vivermos num regime onde há eleições regulares a Democracia só existe na cabeça de algumas pessoas que conseguem ter liberdade de pensamento. Muitos ainda são condicionados (força das necessidades) pelas mentes maquiavélicas de alguns tiranos que se julgam líderes.
Senão leiam as afirmações produzidas por escrito a meu respeito nos autos de um Processo Disciplinar que me foi movido:

- 30/7/2009 "registando-se um padrão de comportamento recorrente e continuado após comunicação pelo seu Director de Serviço e, podendo estar em causa prejuízo para os doentes, deixo à consideração de V. Exa. a utilidade de uma avaliação psicológica do Sr. Dr. Fernando Martins."

- Posteriormente "Solicitou assim avaliação da possibilidade de serem tomadas medidas, nomeadamente a avaliação pericial psiquiátrica.. e a suspensão preventiva do médico em causa segundo as regras do novo Estatuto do Funcionário da Administração Pública".

Só faltou sugerir uma hospitalização compulsiva para protecção do pessoal hospitalar e dos doentes.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

IGNORÂNCIA OU INSULTO???

Uma das primeiras insatisfações com a Direcção da Sociedade Portuguesa de Medicina Física e Reabilitação tem a ver com a atitude do seu Presidente na sessão de abertura da Reunião Científica de Primavera que eu organizei no Luso em 2001.

Em 1998 apresentei a minha Tese de Doutoramento em Medicina, que mereceu a aprovação do Júri, foi contestada pela Faculdade de Medicina de Coimbra, mereceu dois prémios nacionais, foi publicada em Revistas científicas e o seus aspectos mais relevantes para a opinião pública foram publicados em artigos de imprensa não especializada.

Na sessão de abertura da referida Reunião Científica, o Presidente da SPMFR exprimiu-se como consta do artigo do Jornal Tempo Medicina: "não existem ainda dados epidemiológicos seguros quanto à incidência e prevalência desta patologia no nosso país...", como se pode ler no link do Jornal.

Ora considerando os factos acima, as afirmações do presidente da SPMFR só podiam ter uma de duas interpretações:
1 - Ou o Presidente estava no completo desconhecimento da existência do trabalho por mim realizado e publicado;
2 - Ou, sendo conhecedor daquele trabalho, entendia que o seu conteúdo não continha "dados epidemiológicos seguros".

Se o desconhecimento não lhe é perdoado, considerando o lugar que ocupava e a função de representação que tinha, o insulto não passara despercebido.

Lamentei e registei esta atitude infeliz, tanto mais que ela tinha sido tomada numa actividade científica que eu próprio organizara, em frente dos meus convidados, dos quadros do SMFR do CHC e de uma quantidade de profissionais de saúde portugueses e estrangeiros ligados à Medicina de Reabilitação.

Como podia eu continuar a reconhecer idoneidade àquela Presidência para representar a Sociedade Científica da minha especialidade? Ou melhor, como podia eu continuar a conviver numa Sociedade Científica que ou não o era de facto ou me insultava deste modo?

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

A INQUISIÇÃO DA DIRECÇÃO DA SPMFR

A Direcção da SPMFR iniciou uma nova luta contra os "infieis". Espero que saiba que já não há guerras santas.


Este email foi enviado aos  colegas que constam da base de dados da SPMFR e não só. Educadamente esclareci os autores do email; no entanto eles entenderam que não deviam esclarecer os seus correspondentes, pelo que me sinto no direito de o fazer.


1 - Contrariamente ao que afirma neste email, a Direcção da SPMFR divulgou um "anúncio de emprego" para Médico Fisiatra em 12 de Outubro de 2009, conforme se pode confirmar no email abaixo.

2 - Eu fui membro da Sociedade Portuguesa de Medicina Física e Reabilitação até Outubro de 2003; nunca tive necessidade de partilhar com ninguém as motivações que me levaram a deixar a Sociedade. No momento em que tomam a iniciativa de o divulgar entre os colegas eu devo também explicitar aquelas razões (o que farei em breve neste blogue).

3 - Eu não usei a base de dados de ninguém, usei o meu computador e a minha lista de contactos (muitos dos quais são públicos e constam dos respectivos endereços profissionais).

4 - A SPMFR usa a sua base de dados de modo negligente e nela inclui pessoas que não são seus membros e que não deram autorização para dela constarem (que dirá a Comissão Nacional de Protecção de Dados deste comportamento?). Com falhas desta gravidade e fugas vergonhosas de informação, como se atrevem a criticar os outros qualificando de "abusivo", "pouco elegante e não ético"? Não seria melhor olharem para o seu umbigo, e evitarem fazer e dizer asneiras?

terça-feira, 27 de julho de 2010

É DIFICIL FAZER BEM À PRIMEIRA ....NO CMRRC

O CA do CMRRC raramente consegue fazer bem à primeira, pelo menos no que se refere à gestão dos recursos humanos. Senão vejamos:
- Os Concursos para fisioterapeutas, terapeutas da fala repetem-se vezes sucessivas e mesmo assim raramente acertam (desde há quase 3 anos que tentam regularizar a situação daqueles profissionais);
- Os Concursos para Terapia da Fala, Terapia Ocupacional, Enfermagem eternizam-se e não se resolvem;
- O Concurso para Assistente Hospitalar de MFR aberto em Dezembro de 2008 foi cancelado e jamais reaberto;
- O Concurso para Assistente Graduado Sénior já conheceu duas publicações em Diário da República, e ainda não acabou o prazo de candidatura.



Poupar dinheiro público é fazer REGULARMENTE bem feito. Quem não o sabe sempre pode aprender. Será que ainda há vaga nas novas oportunidades? Será que merecem nova oportunidade? Em Portugal todos os incompetenetes têm sempre direito a uma nova oportunidade, basta ter "amigos" bem colocados. A isto chama-se reformar o estado, ou pelo menos tratar da reforma de alguns.

domingo, 14 de março de 2010

AINDA O SERVIÇO DE URGÊNCIA DO HOSPITAL GERAL

No artigo "Quo Vadis CHC" continuam a aparecer regularmente comentários sobre o Serviço de Urgência, o que me leva a abordar aqui algumas dúvidas que alimento há bastante tempo, transferindo o Fórum sobre o Serviço de Urgência para este artigo.
O Hospital Geral começou por ser um Hospital sem Serviço de Urgências, fazendo apenas trabalho programado quer cirúrgico quer nas restantes áreas de intervenção.
As más condições do Serviço de Urgência dos HUC e a alegada necessidade de abertura do leque das patologias que permitisse o funcionamento do ciclo clínico da Faculdade de Medicina, criaram condições para a abertura de um Serviço de Urgência no Hospital Geral.
Desde sempre o Serviço de Urgência constituiu uma fonte de polémica interna, e não só. O estigma do encerramento das Urgências esteve sempre presente na vida do Hospital, gerando discussões apaixonadas para além dos muros do Hospital.
A polémica sobre o encerramento do SU parecia encerrada com a sua reinstalação e (sobretudo) com a reformulação do seu modelo de funcionamento, com a introdução da triagem de Manchester e com uma filosofia de funcionamento virada para a Urgência / Emergência. Este progresso (para o SU do CHC e para os SU a nível nacional) não foi acompanhado de uma mudança de atitude nem de organização das estruturas que se encontram a mutante e a jusante do Serviço de Urgências, no ciclo de intervenção em saúde.
As consequências destes factos e a turbulência organizacional que agitou o CHC nos últimos anos, não permitiram manter a situação existente. Como ninguém gosta de andar de cavalo para burro continuam a surgir neste blogue comentários de pessoas insatisfeitas. Estes comentários, por vezes, nada têm a ver com o Serviço de Urgência, nem com o seu funcionamento, mas sim com as pessoas que lá trabalham e a sua perspectiva do mundo. Este facto não significa que aqueles problemas não devam ser discutidos; não gostaria de ter de continuar a publicar notícias em que um grupo profissional diz mal do outro e vice-versa e pouco ou nada se fala dos problemas do Serviço, nem das soluções possíveis.
É evidente que a mudança do paradigma que se seguiu à adopção da triagem de Manchester e à instalação no novo espaço, criou expectativas, paixões e mudou claramente a face do SU do Hospital Geral.
No entanto todo o resto ficou como estava: a necessidade de tirar do Serviço de Urgência os doentes que precisam de ser hospitalizados evidencia a necessidade de olhar para o Serviço de Urgência como uma porta de entrada num ciclo de intervenção cuja continuidade deverá ser assegurada para lá deste SU.
Eu (que não trabalho nas Urgência há muitos anos) continuo a ver doentes que deveriam estar num dos Serviços do Hospital e que continuam no SO por 4 ou 5 dias acabando por ter alta para casa, o que não me parece ser um retrato de um SU.
Eu gostaria de continuar a publicar as opiniões de todos, mas gostaria que houvesse contributos claros à clarificação da situação. Não gostaria de continuar a publicar textos de má língua e de agressões corporativas. As questões frequentemente referidas correspondem a incumprimento dos deveres a que os profissionais estão obrigados e têm um tratamento próprio; não me parece que este tipo de problemas seja de facto O PROBLEMA do Serviço de Urgência.
Falemos da organização, dos seus problemas e das soluções possíveis. Provavelmente precisamos de dimensionar, organizar e qualificar os cuidados a montante e a jusante do Serviço de Urgência, para que este deixe de ser o bode expiatório dos insatisfeitos e para que o próprio CHC encontre o seu caminho sem andar sistematicamente a reboque do SU.
Fica uma provocação para alimentar o debate: há lugar para dois Serviços de Urgência em Coimbra? 

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

DAVID VENCE GOLIAS


O comportamento arrogante e as atitudes agressivas e violentas do Conselho de Administração do Centro de Medicina Física e Reabilitação do Centro, foram  sancionadas no que respeita às decisões administrativas sobre a minha comissão de serviço naquela instituição. O Acórdão do Tribunal Administrativo e Fiscal de Coimbra veio dar razão à causa que tenho vindo a defender e condenar o modo ilegal como fui afastado do meu posto de trabalho.

Reporto-me neste caso à intenção manifesta de interromper a minha actividade naquele Centro por manifesta incomodidade do CA face à incapacidade evidente de gerirem a instituição de modo consensual e criterioso.
Esta intenção foi agora declarada não conforme com a legislação que rege a Administração Pública em geral e os Hospitais em particular. Podia dizer-se que mais uma vez David venceu Golias, embora corresponda mais à verdade dizer que o Golias deu um tiro no pé. É verdade que eu não ganhei nada, foram eles que perderam. Perderam a causa por inabilidade e falta de experiência e de conhecimento dos procedimentos próprios da um Acto Administrativo. É verdade que perderam a causa por falhas processuais (prática de um acto inexistente do ponto de vista administrativo, ainda por cima não fundamentado). Mas a perda deste processo não pode ser isolada dum julgamento público da incapacidade então manifesta, de execução de meros actos administrativos, o que deixa a dúvida sobre a capacidade de gestão de processos mais complexos que envolvem planeamento futuro, investimento e gestão de recursos humanos. Este foi aliás o ponto de rotura do CA com o então Director de Serviço, pela manifesta incapacidade daqueles em darem a conhecer aos subordinados directos (Director de Serviço) um Plano Estratégico orientador da actividade da instituição, a partir da sua entrada em funções. Suponho que ainda hoje os destinos institucionais navegam ao sabor das vontades pessoais de uns e de outros, e da última novidade que viram em mais um Congresso (que é aquilo que bem sabem fazer), uma vez que o Plano Funcional foi definitivamente arquivado (e não foi sequer substituído).
Quando os barcos começam a afundar os ratos são os primeiros a abandonar, enquanto o comandante assume orgulhosamente a responsabilidade de morrer com o navio, uma vez que não foram bons suficientes para evitar o naufrágio (por falta própria ou não); a anunciada saída de algumas figura do comando, é um dos sinais de que a turbulência é grande e é preciso salvar a pele.
E alguém assume as consequências dos seus actos? Não, porque para tal é preciso ter capacidade de fazer uma auto-crítica o que é manifestamente impossível para quem se mira diariamente ao espelho da bruxa má e ouve aquilo que os mordomos bajuladores gostam de dizer para pontuar no ranking da (in)competência.
Não adianta dizer que o rei vai nu, quando toda a gente sabe que é verdade, e prefere rir-se da figura ridícula que o rei faz, do que tentar evitar aquele ridículo.

O tempo passou e as decisões dos órgãos de supervisão começam a surgir. Agora é o Acórdão do Tribunal, amanhã será a auditoria da Inspecção Geral de Actividades em Saúde, depois serão as acumulações de funções ao arrepio da legislação em vigor. Um futuro risonho para quem gosta de rir para disfarçar a ignorância e a incompetência.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

O INTERNATO MÉDICO NO CHC EPE

No período que se seguiu à passagem a EPE dos primeiros hospitais, um dos espantalhos frequentemente utilizados era o problema da formação médica que, na sua vertente pós graduada, clínica, é responsabilidade dos Hospitais.


Não sei se a culpa foi do estatuto EPE, se foi dos responsáveis da instituição, este espantalho esteve quase a transformar-se em realidade no CHC EPE.
O CHC que desde a sua existência se bateu para preservar a força rejuvenescedora dos jovens médicos, esteve à beira de perder a idoneidade formativa.
E esta idoneidade é mais fácil de perder que de recuperar.
Eu sei as dificuldades que tive para conseguir a idoneidade para a formação de internos no CHC e. mais tarde para conseguir a mesma idoneidade no Centro de Medicina de Reabilitação na Tocha.
É por isso que me custa imaginar o retrocesso institucional que representaria termos de recomeçar a via sacra das idoneidade formativas.
Este assunto vem a propósito da recepção aos novos internos que decorreu nos dias 4 e 5 de Janeiro. Foi uma pena constatar como os clínicos seniores da instituição primaram pela ausência, em especial os Directores de Serviço.


Sou pouco fã de futebol, mas constato que a realidade futebolística tem alguns exemplos que se aplicam a outras situações da vida social.
Os grandes clubes continuam a ter as suas escolas de formação de jogadores, pois elas constituem a garantia de continuidade dos mesmos, com custos mais moderados. Os hospitais formadores não conquistam o dinheiro do passe mas têm o privilégio de estar na primeira linha para escolherem os melhores, sem terem que os aliciar artificialmente.


Estarei a ser exagerado ou a importância dos novos médicos tem sido pouco valorizada, sobretudo numa época em que temos de pensar na renovação, para consolidar a nossa posição e assegurar a continuidade do serviço às populações?



domingo, 10 de janeiro de 2010

CUIDADOS CONTINUADOS OU CONTINUIDADE NO TRATAMENTO?



Num texto prévio, comentei a análise SWAT que o anterior CA do CHC fez referindo-se ao envelhecimento da população como uma ameaça, quando deveria ter sido valorizado como uma oportunidade de negócio.

Quanto a mim, o envelhecimento da população deveria e poderá ser considerado como uma oportunidade de negócio para o Centro Hospitalar de Coimbra.
É hoje um facto conhecido que a média de idade da nossa população está a crescer e que a esperança de vida da mesma é hoje muito superior.

Deste envelhecimento resulta uma redução das capacidades executivas nos diferentes domínios da actividade humana. O próprio envelhecimento saudável implica redução de algumas ou de muitas das competências executórias.
Situações de equilíbrio rapidamente se descompensam com pequenos eventos de doença, mesmo que transitória. Estes desiquilíbrios da situação individual traduzem-se por situações de incapacidade face a uma ambiente externo pouco preparado.
As situações de patologia são cada vez mais complexas e em pessoas cada vez mais idosas, criando dificuldades de assegurar a permanência na comunidade e/ou no meio familiar. As infra-estruturas de acolhimento temporário ou definitivo desta população são insuficientes e geridas por uma estrutura muito afastada do terreno.

As Unidade de Cuidados Continuados surgiram e têm vindo a ser utilizadas de modo mais ou menos adequado ao cumprimento da sua missão, nem sempre bem compreendida pelas populações nem pelo profissionais de saúde.

O CHC tem condições extremamente favoráveis ao desenvolvimento de uma actividade assistencial destinada a fazer face às necessidades emergentes desta população, de um modo global, abrangente  centrado na dignidade da pessoa idosa.
1 - Existe uma cultura de humanismo na prestação dos cuidados, difícil de concorrenciar;
2 - Temos um enquadramento físico das nossas instituições único;
3 - Temos espaço construtivo e instalações devolutas (ou quase) passíveis de adaptar a este fim;
4 - Temos um corpo clínico altamente qualificado, habituado a trabalhar em colaboração (e a lidar cada vez melhor com o envelhecimento da nossa população).

Falta-nos capacidade financeira, uma vez que o capital social da EPE está praticamente consumido pelos resultados transitados. No entanto não temos alternativas que não sejam encontrar uma via de futuro ou morrer lentamente, perdendo qualificação, desperdiçando recursos e acabando por custar mais dinheiro à comunidade.

Os cuidados continuados têm sido tratados como um parente pobre da Medicina e como um parente rico dos lares de terceira idade. Tudo tem sido colocado no mesmo saco independentemente de estarmos a lidar com situações onde a continuidade dos cuidados se integra numa perspectiva clara de reabilitação activa, numa perspectiva de convalescença médica ou apenas numa situação final de institucionalização com apoio sanitário.

É preciso qualificar os cuidados continuados nomeadamente os de convalescença como verdadeiras estruturas de Medicina de Reabilitação. É preciso exigir maior presença médica nas Unidades de Cuidados Continuados, a bem dos utentes. É preciso manter em meio hospitalar alguns doentes "evacuados" para as unidades periféricas, quando ainda necessitam de uma intervenção qualificada.

Para isso é preciso ousarmos, e ousar é trazer alguns destes cuidados para as unidades hospitalares, melhor, ter unidades tampão de MFR que assegurem a interface entre a intervenção especializada de carácter médico ou cirúrgico e os cuidados continuados.
A garantia da continuidade e de um tratamento holístico, baseia-se assim na prestação sequencial de cuidados, sem agravar os tempos de hospitalização, nem prejudicar os utentes.


Esta é uma via possível, tecnicamente à altura das nossas competências, adequada às necessidades dos nossos utentes. 

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

SINTO VERGONHA DE MIM  

Sinto vergonha de mim 
por ter sido educador de parte deste povo,
por ter batalhado sempre pela justiça, 
por compactuar com a honestidade, 
por primar pela verdade 
e por ver este povo já chamado varonil 
enveredar pelo caminho da desonra. 
  
Sinto vergonha de mim 
por ter feito parte de uma era 
que lutou pela democracia, 
pela liberdade de ser 
e ter que entregar aos meus filhos, 
simples e abominavelmente, 
à derrota das virtudes pelos vícios, 
à ausência da sensatez 
no julgamento da verdade, 
à negligência com a família, 
célula-Mater da sociedade, 
à demasiada preocupação 
com o 'eu' feliz a qualquer custo, 
buscando a tal 'felicidade' 
em caminhos eivados de desrespeito 
para com o seu próximo. 
  
Tenho vergonha de mim 
pela passividade em ouvir, 
sem despejar meu verbo, 
a tantas desculpas ditadas 
pelo orgulho e vaidade, 
a tanta falta de humildade 
para reconhecer um erro cometido, 
a tantos 'floreios' para justificar 
actos criminosos, 
a tanta relutância 
em esquecer a antiga posição 
de sempre 'contestar', 
voltar atrás 
e mudar o futuro. 
  
Tenho vergonha de mim 
pois faço parte de um povo que não reconheço, 
enveredando por caminhos 
que não quero percorrer... 
  
Tenho vergonha da minha impotência, 
da minha falta de garra, 
das minhas desilusões 
e do meu cansaço. 


Não tenho para onde ir 
pois amo este meu chão, 
vibro ao ouvir o meu Hino 
e jamais usei a minha Bandeira 
para enxugar o meu suor 
ou enrolar o meu corpo 
na pecaminosa manifestação de nacionalidade. 


Ao lado da vergonha de mim, 
tenho tanta pena de ti, 
povo deste mundo! 
'De tanto ver triunfar as nulidades, 
de tanto ver prosperar a desonra, 
de tanto ver crescer a injustiça, 
de tanto ver agigantarem-se os poderes 
nas mãos dos maus, 
o homem chega a desanimar da virtude, 
A rir-se da honra, 
a ter vergonha de ser honesto'. 
Rui Barbosa
Poeta brasileiro - séc XIX e XX

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