quarta-feira, 27 de outubro de 2010

CENTRO HOSPITALAR UNIVERSITÁRIO DE COIMBRA: CIRURGIA ESTÉTICA OU CÁLCULO MATEMÁTICO?

Tenho observado com curiosidade a ausência de comentários quer escritos que verbais sobre o novo paradigma para os Hospitais de Coimbra e/ou da Região. Levei também algum tempo a pensar no assunto e agora gostava de partilhar alguns conceitos naifs (e optimistas) do que penso do assunto.

Assumindo que a decisão está tomada, é imperativo que esta transformação não seja uma mera cirurgia estética que apenas vem rejuvenescer o aspecto das estruturas e esconder as suas cicatrizes e deformidades.

Se no entanto quisermos ganhar algo em termos económicos e/ou financeiros, então termos que fazer uma apreciação matemática: é preciso que a união das estruturas seja mais do que uma simples questão aritmética onde se somam (sobretudo) os problemas e as virtudes das instituições envolvidas. É preciso reflectir esta nova situação de modo a encontrar soluções que multipliquem os resultados e dividam os custos de produção. Qualquer gestor poderá fazer isto numa fábrica de parafusos; numa grande estrutura que tem como objectivo produzir actos técnicos de saúde, só um gestor com um conhecimento claro do ciclo da saúde e da doença, o deverá fazer. Mas este é um problema da tutela.

O meu problema, e o de outros com quem me cruzo nos corredores (ou nos jardins) do Hospital, é outro.


A fusão anunciada constitui, na minha opinião, uma oportunidade para os profissionais envolvidos, para as estruturas hospitalares de Coimbra e para a qualidade da saúde em Coimbra e em Portugal. O caminho poderá ser difícil, mas o resultado final será aquele que nós tivermos a capacidade de construir agora.

Quando passamos a falar de CHUC estamos a referir-nos à união de esforços para:
- Melhorar a qualidade assistencial;
- Melhorar a qualidade do ensino na área da saúde;
- Reduzir custos de funcionamento.
É claro que eu acredito que isto é possível; se foi possível derrubar o muro de Berlim, acabar com os blocos políticos, porque não há-de ser possível UNIR 3 ou 4 estruturas de saúde? No entanto a qualidade final vai depender da qualidade dos seus líderes (não chefes) e da sua capacidade para fundir as instituições com respeito por cada uma delas, pelos seus profissionais e pelos dinheiros públicos.

Com esta mudança passamos a não falar de HUC hospital, mas de um conjunto de unidades de saúde -Centro Hospitalar Universitário de Coimbra - associadas para rentabilizar os recursos físicos e humanos, melhorando o produto final que é a saúde dos seu utentes.

Vendo de fora, que dificuldades encontro:
- A dimensão desta megaestrutura pode criar dificuldades de gestão ou de criação de modelos de gestão;
- As enormes diferenças nos modelos organizacionais, nas ferramentas de trabalho, nas organizações hierárquicas e nos procedimento institucionais;
- O controlo da qualidade.

Que vantagens podemos encontrar e como tirar partido deste momento histórico?

Não tenho receitas, mas tenho algumas ideias que podem ajudar à necessária reflexão sobre o futuro.

Não me parece que o produto principal desta fusão seja a redução do número de estruturas dirigentes, embora não seja negligenciável (nesta altura todos os tostões contam). Até porque uma megaestrutura de gestão terá de se suportar em estruturas organizacionais de menor dimensão, com níveis intermédias de gestão nas unidades de base: Hospital Pediátrico, Maternidade (s), Hospital Cardiológico, Hospital Geriátrico, Hospital de Reabilitação,  ....... (aquelas que contribuam para uma melhor sincronização dos recursos existentes). Assim seria mais fácil manter a flexibilidade de um grande frota, por oposição à rigidez operacional de um grande transatlântico.

O benefício financeiro desta fusão poderia passar pela melhor gestão dos recursos humanos, no que respeita às horas extraordinárias, factura muito pesada em qualquer das instituições.

O benefício em termos de cuidados poderia resultar da junção de áreas complementares em termos técnicos. Também a junção de áreas que são complementares nas infra-estruturas pode ser positiva para todos: o CHC tem carência de espaço para o volume assistencial em algumas áreas técnicas, enquanto nos HUC há espaço não ocupado plenamente. Juntos, uma mão lava a outra.

Enfim, podemos continuar a divagar, podem pensar que este optimismo é excessivo, mas eu não tenho outro modo de encarar os desafios (bons e maus) que não seja pensando que os vou vencer. Acredito que não há impossíveis, há apenas tarefas que levam mais tempo. Assim se saibam motivar os recursos humanos no terreno para a generosidade deste projecto.

6 comentários:

  1. xxl - decepcionado com o sistema29 de outubro de 2010 às 12:48

    já leram a noticia da fusão dos hospitais no diario "as beiras "?
    é bem o espelho de quem anda a minar o sistema para conseguir os seus intentos. agora é o dr joao pedro pimentel que não sei quem lhe deu autoridade para opinar!
    Lê-se naquele diario :"Ao invés da ministra da Saúde – que admitiu não haver qualquer estudo prévio – João Pedro Pimentel acredita na substância da “avaliação permanente” das instituições, por parte da tutela". Mas alguém duvida ou não quer ver?! que país é este onde um administrador de uma ARS se sobrepõe á tutela? que exemplo vem a ser este? presunção e agua benta , cada um toma a que quer. E assim se fazem noticias , se instala um ambiente do diz-se diz-se até ser lei.
    Quem lê a noticia com atenção verifica que NÃO HÁ QUALQUER COMPROMISSO DA TUTELA/ MIN. Saude ( e eu até me atreveria a dizer que nem interesse há) em iniciar qualquer processo que acarrete mais despesas e ainda ninguém garantiu que as não haja. A urgencia em conseguir compromissos da parte do dr Regateiro e agora do Dr Pimentel reside apenas num facto : ou há garantias agora e eles têm os cargos de chefia garantidos , ou depois das eleições os cargos vão para o PSD. Não é preciso ser bruxo para adivinhar as suas intenções.

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  2. De facto, o mais preocupamente é a total ausência de estudos, ainda que básicos.Com algum rigor não acredito que se salvaguarde o interesse do utente e muito menos que se poupe significativamente.Não se esqueçam, o Ministério das Finanças é, como se sabe, parte interessada e se não se verificar efectiva redução de despesa, não é garantida a fusão.

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  3. Quem julga que a formação de um eficiente e funcional CHUC não vai ter um elevado peso nas contas publicas, provavelmente deve estar enganado.
    É certo que duas maternidades parece não se justificar, é certo que 5 pontos separados de preparação de citotóxicos, igualmente não se justifica, é seguramente questionável se duas urgências serão necessárias, isto não falando em todos os outros serviços clinicos existentes nas duas Unidade Hospitalares de Coimbra. Vamos centralizar para diminuir os desperdicios na duplicação em recursos materias, em recursos humanos e em recursos técnicos, mas esta centralização só poderá ter sucesso se todos, e principalmente os lideres quem venham a ficar com essa responsabilidade, tenham a visão de uma politica de saúde abrangente e do melhor aproveitamento dos manancial humanos existente nas duas instituições.
    Para uma boa rentibilização do novo CHUC, será necessário criar o Centro Materno-Infatil, no novo Hospital Pediatrico, aproveitar as instalações da Maternidade Bissaya Barreto para criar uma boa, funcional e rentável Unidade de Oncologia, apostar nuns Serviços Farmacêuticos com uma excelente estrutura técnico e gestão empresarial de prestação de serviços. Tudo isto irá custar um grande investimento, mas sim, será um investimento e não um desperdicio de dinheiro, como actualmente pode estar a acontecer com a duplicação de procedimentos. Estou complentamento disponivel para contribuir para que o CHUC seja um exemplo das Unidades Hospitalares deste Portugal. Gostaria que acontecesse antes da minha aposentação, que será nos próximos 15 anos

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  4. É claro que uma remodelação não deve passar apenas por um exercício de somar e subtrair. Exige um conjunto de reflexões como aquela que faz no seu comentário, para atingir os objectivos. A actual estrutura do SNS na Região Centro está dimensionada para as necessidades da população? Podemos reduzir algumas áreas, teremos de aumentar outras?
    No entanto, para lá dos eventuais custos de investimento que venham a mostrar-se necessários (?), a grande vantagem poderá advir da redução de custos de funcionamento que poderão resultar da racionalização dos meios para assegurar o funcionamento da instituição.

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  5. Boa tarde,
    tenho assistido a uma confusão frenetica nos corredores do H. Covoes. toda a gente julga saber de algo que alguém lhe disse em grande segredo... o ambiente é quase de medo e de quê? da hipotetica criação do CHUC. que cabecinhas táo pequeninas (pequeno é parvus em latim...); não param para pensar. à boa maneira do antigamente fala-se por trás e não se pensa.
    E é um convite para pensar e discutir o que me traz a este blog.
    Já pensaram que se os trabalhadores do CHC não querem a tal união se calhar os dos HUC também não? desde que são EPE que muitos funcionarios dos HUC reformaram-se ou estao á espera da reforma. HÀ FALTA DE QUADROS NOS HUC e onde se vão buscar ? porque não ao CHC!?
    A falta de auto-estima que tem vindo a crescer no CHC tolda-nos a visão. porque é que os HUC lançam uma OPA sobre o CHC,conforme o 1º comentario, e não há-de ser o ele o OPAdo? a melhor defesa é o ataque. Atacar a ideia peregrina que nós CHC não sabemos, ou nem queremos saber, que somos competentes e que temos amor á camisola.Que produzimos e temos o nosso espaço.
    Por acaso essas pessoas que parecem tao negativistas já tiveram curiosidade de ir ver os rakings apesar de tanta adversidade?
    De qualquer modo se o CENTRO HOSPITALAR (universitario) de COIMBRA vier a ser criado , pois por enquanto é só bluff, ou melhor um projecto de criação do sr. dr. prof.Regateiro e C.ª, espero que os representantes do CHC saibam honrar a sua dama e não se deixem intimidar pelos títulos dos Huc. Entretanto o melhor que temos que fazer é trabalhar da forma que nos é caracteristica ou melhor ainda.
    obrigada.

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  6. Desde há vários meses que se devia estar a preparar os termos deste "casamento " de conveniência. Como não houve namoro(estudos prévios), niguém sabe em que lado da cama se vai deitar. Que fazem os orgãos de gestão actuais? Onde está a liderança para organizar este processo? Fora o show -off que o PCA dos HUC faz na imprensa sempre que pode o que tem a dizer o CA do CHC? Ou será que estes foram efectivamente contratados para serem a Comissão Liquidatária do CHC, como se diz nos corredores? Os HUC, com o Pediátrico novinho, pronto para entrega não ficam com tudo que sempre desejaram? O resto é para deixar cair sem muito estrondo que a maré não é propícia .

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