sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

QUE DEPARTAMENTAÇÃO NO CHC?

A organização tradicional dos Serviços de Acção Médica nos hospitais portugueses baseou-se numa estrutura hierárquica fundada essencialmente nos méritos e na qualificação profissional dos médicos das áreas de diferenciação respectiva.
Tendo como suporte a legislação da carreiras, construiu-se uma estrutura organizacional tendo como unidades os Serviços, que ao longo dos tempos se foram subdividindo e diferenciado, dando satisfação à evolução tecnológica e às necessidades crescentes de conhecimento e de técnicas de intervenção específicas.
Esta diferenciação crescente conduziu à instalação de serviços de Especialidade e dentro destes, a áreas de sub-especialidade progressivamente mais restritas no seu campo de acção. O risco da perda de noção da globalidade da problemática da saúde e da doença, foi sendo compensado pela continuidade de grandes especialidades aglutinadoras.
Esta evolução criou nichos de mercado consumidores de recursos financeiros relacionados com os custos da tecnologia instalada, com a diferenciação crescente dos profissionais e com as necessidades crescentes  de profissionais com formações diversas.
A problemática da gestão destes recursos criou a necessidade de tornar mais flexíveis os mecanismos administrativos de compras e de contratação de serviços. Nasceram os Hospitais SA, visando dar às estruturas hospitalares a flexibilidade administrativa que tanta falta fazia para fazer face às novas realidades das organizações. De SAs passámos a EPEs retirando o pendente negocial que estas estruturas aparentavam ter. Esta nova denominação corresponde melhor à realidade:
. Proporciona mecanismos flexíveis de gestão dos recursos;
. Continua  a garantir a segurança que é uma prerrogativa do  Estado.

Com esta mudança, considerando a escassez crescente dos recursos, surgiram novos modelos organizacionais da Gestão do trabalho dos Serviços de Acção Médica, visando rentabilizar os recursos instalados.
A crescente preocupação com uma prática médica menos fragmentada nas especialidades e sub-especialidades, tentando proporcionar um tratamento integral, veio de encontro às necessidades da gestão.
Um dos modelos preconizados para ultrapassar aquelas dificuldades, foi a associação em Departamentos de serviços que tinham alguma afinidade na sua intervenção, com vista à produção de serviços de igual qualidade (de preferência superior) a custos inferiores.
No entanto, no CHC, nem sempre este modelo atingiu os pressupostos de base. Criaram-se Departamentos que não acrescentaram qualquer mais valia à produção: a associação dos Serviços não permitiu obter resultados superiores à soma dos mesmos quando apreciados individualmente.

Este é um tema que agora é objecto de conversa nos corredores do hospital. Os objectivos definidos pela gestão, para satisfazer a procura e para consolidar a área de intervenção técnica do CHC, podem condicionar diferentes modelos e composições dos Departamentos.
A interacção entre os Departamentos Cirúrgico, Bloco Operatório e Anestesia são cruciais no desempenho da produção cirúrgica do CHC. A correcta imputação de custos e de proveitos entre os diferentes intervenientes, bem como a existência de Direcções de Departamento cooperantes podem conduzir aquela área ao sucesso desejado.
O Departamento da Medicina e Especialidades Médicas acrescenta algo à soma dos Serviços que o integraram? Ou acrescenta-lhe apenas os custos relativos à nova estrutura funcional?
Vai este CA manter a estrutura organizacional que herdou, ou vamos poder fazer uma reflexão sobre a adequação dos actuais Departamentos às novas realidade?

É tempo de fazermos uma gestão construtiva dos conflitos e de utilizarmos as energias mobilizáveis, para podermos sair do horizonte cinzento do qual o CHC nunca emergiu verdadeiramente.

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