domingo, 23 de agosto de 2009

O HOMEM E O BURRO

Uma das características que mais incomoda na nossa comunidade é exactamente a falta de definições que suportem a tomada de decisões. Daqui resulta que ninguém sabe se é melhor ir em cima do burro, ao lado do burro ou mesmo levar o burro às costas.
E esta característica resulta do facto de que toda a gente sabe de tudo: direito, medicina , política, informática .... Com tanto perito só não entendo porque não temos um país com mais investigação tecnológica, mais industrializado, mais inovador ... etc.
Pois bem porque em muitos casos toda a gente tem muita garganta e vai a reboque do tocador de flauta que encanta tudo, sobretudo os ratos.
Contrariamente ao comentário feito sobre o tema anterior, eu até reconheço os meus erros e até posso falar de tudo. Preciso apenas que provem que errei e que mantenham capacidade de diálogo para falar dos assuntos.

Pois uma das razões que levou o CMFRRC a chegar ao que chegou é que toda a gente manda palpites e toda a gente pensa saber o que se deve fazer num Centro de Reabilitação. Abriu camas para tratar os doentes submetidos a cirurgia para enxerto de células da mucosa olfactiva e interrompeu aquela actividade, sem nos explicar porquê. Iniciou um Programa de reintegração Profissional de Deficientes que morreu à nascença (no entanto foi notícia de jornal). Integrou a Associação para a Reabilitação Cardíaca (que propôs efectuar no Centro e nada se viu). Propôs abrir uma oficina de próteses e nada se vê. Propôs-se criar uma área de Desporto para Deficientes e limitou-se a criar um tacho à margem do Centro, para os amigos do basquetebol. Propôs-se a criação de uma Unidade de crânio-encefálicos que ainda ninguém sabe o que significa de facto. Avançou-se com uma projecto de Unidade de Cuidados Continuados com especificidades não fundamentadas.
Enfim, cada cabeça sua sentença, pelo que levando em consideração a falta de um plano estratégico ou de um Plano Director da Instituição, continua a navegar-se à vista, a maior parte do tempo nem se chega a navegar, está-se verdadeiramente à deriva (como é o caso presente).

Foi também esta indefinição que levou à implementação da Fisioterapia intensiva, como se um Centro de Reabilitação fosse apenas um Centro de Fisioterapia.
Continuo a ser Médico e continuo a ser Docente Universitário e pauto a minha actividade por princípios cartesianos (para o bem e para o mal). Quando alguém, recorrendo a estes princípios, evidenciar que a fisioterapia intensiva é o melhor procedimento para implementar num Centro de Reabilitação digno desse nome, para bem dos doentes, estarei pronto a defender a sua aplicação. No entanto enquanto a evidência for aquela que se importa de Cuba, não estou disposto a implementar o modelo num Hospital Público (pago por todos nós).
Já não vivemos na década 50 (como em Cuba) e o tempo das vacas gordas também já passou. Não é tolerável que se continue a avançar com projectos e com investimentos liderados por quem nada percebe do assunto (mas que pensa e assume que basta bom senso - que se o tivessem iam para casa plantar batatas).
Sobre este como sobre outros assuntos estou sempre disposto a falar, até porque ninguém é dono da verdade e sempre podemos aprender uns com os outros. Não estou aqui a catequisar ninguém, mas tenho convicções baseadas nas evidências dos que me precederam.
O problema é a falta de abertura para dialogar sobre estes e outros assuntos, das pessoas que são donas de verdade.

2 comentários:

  1. Quer uma opinião minha, que trabalho no CMRRC Rovisco Pais e que vou vendo, ouvindo e (até agora) calando?

    Sorte a dos doentes que são tratados em ambulatório! Assim que chegam são tratados e fazem todo o programa de reabilitação, uma duas ou mais vezes por semana... Enquanto aos doentes internados andam por ali (sobretudo os doentes de AVC e TCE) e a maior parte das vezes ninguém lhes faz o que deveria fazer ou que está prscrito no programa de reabilitação e nem tão pouco alguém se questiona ou questionam o que é que aquelas almas estão ali a fazer!

    Fisioterapia, fisioterapia, Terap. ocupacional, fisioterapia outra vez, terapia da fala, fisioterapia ainda mais uma vez...

    é preciso é fazer os dias passarem e que os seguros não perguntem quando é que acaba a "mama".

    Este Centro é um caso perdido é sobretudo um local para grandes tachos (boys), para engravatados que ninguém sabe o que fazem lá, para passagem de modelos (mini saias)e para gente medíocre nos lugares de chefias)e ainda para um empregozinho para os familiares de antigos funcionários (aqui o sr. presidente da junta da Tocha, sabe bem como funcionam os meandros e os "pseudo-concursos" neste centro e para ele esta "instituição pública (?)" é sopa no mel para as suas pretensões políticas).

    Quo Vadis, Rovisco Pais

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  2. Se as seguradoras se preocupassem mais em exigir o cumprimento de objectivos propostos para cada doente internado, isto tudo dava uma volta... Ai dava dava!

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